27 abril 2007

As fontes



Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser vivo e total,
À agitação do mundo irreal,
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.

Irei beber a luz e o amanhecer
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.

Sophia de Mello Breyner Andressen
Poesia - 1944

A surpresa!

Como prometido, e bem antes do fim da tarde
(tive pena de alguns sofredores... eheheh),
a minha gratidão pela vossa amizade:

Sigam este link até... À_SURPRESA!

façam o favor de participar...
e de serem FELIZES!!!

Bom fim-de-semana a todos

26 abril 2007

Amizade



"O essencial
é invisível aos olhos"
(Saint-Exupéry)
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Ultimamente, desde o fim-de-semana passado, não tenho tido tempo para responder a todos os amigos, pelo vosso carinho e amizade, pelos comentários aqui deixados ou homenagens em vossos blogs à minha pequena luz que se esforça por retribuir à vida tudo o que esta me tem dado...

Obrigado à anyflower que me nomeou para o segundo thinking blogger award ( http://anyfer.blogs.sapo.pt/80000.html ) :)

Se o essencial é invisível aos olhos, certo é que a Vida nos dá (embora por vezes não o entendemos e achamos que é mera tristeza e sofrimento) o que mais nos convém para alcançarmos mais célere a verdadeira felicidade e o amor, muito amor!

Mas estou a preparar-vos uma bela surpresa e espero que colabarem na hora certa da sua revelação...

Que a Vida vos abençoe a todos!

24 abril 2007

Dar-te-ei o meu sorriso


Dar-te-ei o meu sorriso, ainda que
Os meus braços só alcancem o vazio
Deixado p´la tua ausência, sempre que
Navegues noutros afectos, noutro rio…

Meu olhar verá a beleza da vida,
Mesmo por entre lágrimas de saudade
E d´esperança ainda não cumprida,
Mesmo quando nem sobrar tua amizade…

Em cada renascer de Sol hei-de saudar
Novo dia de aprendizagem do amor,
Ainda que o coração demore a cantar
De novo o sonho que há de vencer a dor…

A cada nova trovoada no meu céu
Lavarei a minh´Alma das ilusões
Em que me demorei, por caminhos de breu,
Despertando o sentir, as emoções…

Alegrar-me-ei caminhando na praia,
Pés descalços nas ondas do meu destino,
Apesar de perdido longe de casa,
Desde que um dia largaste a minha mão…

Cada pôr-do-sol, poema solitário,
Lembrar-me-á das quentes e lindas cores
Com que pintaste o meu imaginário,
Em versos só nossos, de eternos amores…

Meus passos não mais serão de revolta;
Agora eu voltei a voar, liberto,
Sereno, de fé plena e de alma solta,
E sinto - e sei! - que estou já mais perto

De conquistar a doce felicidade,
Que há muito perdi, sonho e persigo,
Feita do amor e da fraternidade…
E tu…? Dar-me-ás o teu sorriso?
DV
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Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-te na luz, no mar, no vento.

Biografia - Sophia de Mello Breyner Andressen
(Mar Novo - 1958)

20 abril 2007

Teimosia de ser Essência


Teima em mim, peregrina mensageira,
Entre a suspeita e a certeza,
Melancólica lembrança da essência verdadeira
De cada um de nos, sua mais secreta tristeza.

Do perfeito amor a humana carência
Une-se a cruel proibição de ser.
Não somos amados quando só doamos aparência,
Nem amamos sem o íntimo alheio conhecer.

Tão imatura incoerência revelamos
Ao esconder, representando, nossa fraqueza
E cobrar, intolerantes, de quem idealizamos!
O amor não abençoa a desconfiada defesa...

Desistimos da nossa própria realização,
Renunciamos a conquistar o mérito
Da felicidade, cremos deitar-lhe mão
Através da paixão, adquirimos a crédito...

O cego encanto pela lenda da cara-metade,
Pela idealizada alheia perfeição, é inconsciente e ilusório
Preenchimento em nós da desejada qualidade
Cuja ausência nos fere o amor-próprio...

Quem de si não gosta, finge ser
O alheio ideal, esconde seu espontâneo sentir,
Mas, por fim, do tão comum e falso parecer
Inseparável é o insaciável e doentio exigir...

Pressinto em cada tentadora ilusão
Do efémero mundo das formas e da incerteza
Aguardada desistência, desalentada frustração
De granjear luz, conquistar angélica nobreza.

Paixão sem amor é futura e farta colheita
Do carma solitário, da afectiva ausência,
Onde a capa do parecer esbarra na porta estreita,
Só passa quem dignifica sua verdadeira essência.

Se caio, logo me levanto, insisto
Neste incessante despertar e crescer
Da centelha divina que sou, existo
P'ra me revelar e conhecer.

Quem partilhara o desejo da ignorada liberdade
De caminharmos juntos, afins e serenos,
Fiéis à confiança e à verdade,
A transpor trincheiras e véus terrenos?

Sei que existes, incentivando minha teimosia
Em te reencontrar, entre brumas e nevoeiros,
Partilhando comigo tua estrela-guia
A nortear para a Luz nossos passos herdeiros.

Desistir, longe de ti, em braços estranhos
Seria solitária agonia, mais tormentosa
Do que na Terra esgotar meus caminhos
Sem me clarear tua chama formosa!

Tuas palavras em mim libertaram
Adormecidas memórias de vidas passadas,
Ecos das lições que nos ensinaram
Amor e sabedoria, intuições acertadas.

Tudo existe belo, puro, perfeito,
Para nos amparar e servir na jornada divina,
Apenas nos escraviza o mau uso do direito
De sentir, saborear, aproveitar a beleza da Vida.

Amor é doação da liberdade de ser,
Na partilha do próprio esforço pessoal,
No trilho da perfeição que nos cumpre percorrer,
No amparo mútuo, sob a luz do comum ideal!

Amor é profética e saudosa compreensão,
É mútua confiança – e confiar é ser,
Verdadeiro, sem importar toda a deserção,
Pois revela, afim, sentimento e comunhão p'ra valer!

DV (2004 - em memoria de Osho-bhai)

Não escolhemos a quem amar


Não escolhemos a quem amar,
Ainda bem que assim é!
Maravilhoso é não controlar,
Tal sentimento de renovada fé!

Triste vida seria seguir
Por longa recta ou ampla via,
Onde escolhido o chorar e o rir,
De ti, amor, já tudo saberia.

Escolher quem o tempo não muda,
É de si próprio muito pouco exigir.
Eterna incógnita nos oferece a Vida,
Magoas nos convidam a progredir.

Amar é edificar o equilíbrio
Entre mundos nunca fundidos.
Depois do desejo mais sombrio,
Libertos de egoísmos perdidos.

Amar é sofrer? Não, é descobrir
Que a posse e a certeza,
A segurança que tanto se preza,
São mera forma de nos iludir...

Quem sua Vida decidiu reger,
Com cálculos certos e frieza,
Esqueceu que a maior destreza
Só a Deus pode pertencer!

Se nosso fado for sofrer
Da cara-metade a ausência,
Por mais teimosa a valência,
A dor amiga teremos que acolher.

Mas o doente recusará a cura?
Se Deus é sábio – ah! Eu tenho Fé!
Saber Amar assim, que privilégio é!
Qu´importa se d´alegria só futura...

A seu tempo, como o fruto maduro,
Tudo que é meu, na palma da minha mão,
Me será entregue, assim é o futuro!
Eternos e puros tesouros nela pousarão...

Ah! Mas com o desejo de posse, cuidado!
Nada cabe dentro do punho fechado...

DV (2004)

Sabedoria


Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando
Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar...
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.

(José Régio)

Mãezinha, ganhei!

E porque estas coisas nos sabem sempre bem ao ego, agradeço a nomeação que recebi da UnknownGirl para o Thinking Blogger Award.
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Aproveito este tempo de antena para agradecer aos meus pais, à minha irmã, aos meus avos, tios, primos e sobrinho, ao cachorro e à ovelha tresmalhada, à vizinha solteira do primeiro andar, ao senhor da TVCabo, à menina do gás, bem assim como ao presidente da junta de freguesia, sem os quais não estaria aqui hoje a obrigar-vos a ler-me quando estariam melhor na praia (embora esteja de chuva) ou a ver futebóis, telenovelas e gato fedorento!
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Vou passar a nomear outros 5 blogs (verificando se já não foram galardoados...), os quais devem (não há cá quero ou não quero, é pra fazer e "prontus", de forma livre e espontânea... mas obrigatória... mas livre, só que pra fazer... mas espontâneo e livre... isso...) copiar o selo correspondente e afixá-lo na barra lateral dos seus blogs. De seguida devem nomear os 5 blogs que escolheram e fazer um post a nomeá-los.
Nomeio então:

a Ana do Cantinho da Plim!
a
Ana_Luar de Ana Luar
a
Mystic_Butterfly da Arca do Anjo
a
Umabel de Mon Monde à Moi
a
Anyflower de The Flower Space

Que a Vida vos abençoe!

De alma nua

I wake up in the morning,
Put on my face.
The one that´s gonna get me,
Through another day.
Doesn´t really matter,
How I feel inside.
This life is like a game sometimes...

Then you came around me,
The walls just disappeared.
Nothing to surround me,
To keep me from my fears
I´m unprotected
See how I´ve opened up
You´ve made me trust

I´m trying to remember
Why I was afraid
To be myself
And let the..... covers fall away
Guess I never had
Someone like you
To help me fit
In my skin

Cuz I´ve never felt like this before
I´m naked
Around you
Does it show?
You see right through me
And I can´t hide
I´m naked
Around you
And it feels so right...

(Avril Lavigne - Naked)

O teu rosto


É o teu rosto ainda que eu procuro
Através do terror e da distância
Para a reconstrução de um mundo puro.

(Sophia de Mello Breyner Andresen)
(Mar novo - 1958)

19 abril 2007

Laços que nos acorrentam à infância


Hoje, li uma declaração de amor muito linda, perfeita na força da sua fé, no amor de dois amigos bloguistas também separados pela distância...

"quando o amor existe e é verdadeiro a ausencia é como o oxigéneo para a fogueira, ajuda a que haja mais lume..."

Infelizmente, nem sempre a distância é o único obstáculo injusto e amargo entre duas almas que se amam e sofrem longe uma da outra...

Certos laços existem...
E nem sempre conseguimos impedir que se tornem algemas, correntes, grilhões, ao passar da infância e da adolescência para a vida adulta...
Nem sempre ganhamos asas para voar e criar nosso próprio ninho...
Nem sempre... somos conscientes de estar a tomar as decisões erradas...
Nem sempre... cumprimos nosso destino, as promessas pelas quais renascemos na Terra...
Nem sempre damos a mão à pessoa certa...
Nem sempre temos a coragem de viver e de nos realizar plenamente...
Nem sempre despertamos a tempo de ouvir o coração...
E assim renunciamos à nossa parte de felicidade que a Vida nos destinava...

18 abril 2007

Só o teu nome


Sim, é só o teu doce nome, ainda e sempre,
O perfume da infinita saudade que teima
E desafia em mim o tempo, Eurydice,
Nesta fome e sede de ti que me queima!
-
Tão distante, proibiste os nossos sonhos
Ao teu coração que murmura meu nome,
Longe de meus braços, de meus beijos...
Qu´importa que tal dor não seja para sempre
-
E que uma vida humana, na eternidade,
Não seja mais que um breve e fugaz suspiro!
Ai, Alma, quem nos dera presente a liberdade
De nosso amor ser senhor de cada segundo!
-
Ser teu refugio, teu ninho o meu abraço
E, de novo, nossa paixão um beijo sem fim...
Ser tua voz, meu anjo, um cristalino riacho
Que nada impeça de correr feliz dentro de mim...
-
DV

À minha musa


Senhora da manhã vitoriosa
E também do crepúsculo vencido.
Ó senhora da noite misteriosa,
Por quem ando, nas trevas, confundido.

Perfil de luz! Imagem religiosa!
Ó dor e amor! Ó sol e luar dorido!
Corpo, que é alma escrava e dolorosa,
Alma, que é corpo livre e redimido.

Mulher perfeita em sonho e realidade.
Aparicão Divina da Saudade...
Ó Eva, toda em flor e deslumbrada!

Casamento da lágrima e do riso;
O céu e a terra, o inferno e o paraíso,
Beijo rezado e oração beijada.

(Teixeira de Pascoaes)

17 abril 2007

Desafio



A pedido das minhas queridas amigas Phiwuipa e Solitária (agora já muito menos solitária desde que voltou a ter de aturar diariamente um patrão... ), aqui entrego a minha resposta ao desafio...



7 Coisas que faço bem:
Perceber e ter fé na Vida…
Sonhar (mesmo com “impossíveis”, porque acredito que são apenas “possíveis” mais demorado)…
Melgar…
Escrever poemas…
Argumentar as minhas opiniões…
Pressentir que algo de mau vai acontecer…
Amar sem limites…

7 das muitas coisas que não faço ou não sei fazer:
Conformar-me com pouco…
Ter os pés assentes no chão…
Aceitar o desperdício de um grande amor…
Resolver situações complicadas…
Dar graxa para conseguir o que quero…
Cuidar de mim…
Desligar…

7 das muitas coisas que me atraem no sexo oposto:
O sorriso espontâneo e doce…
O Olhar profundo e com estrelas…
A generosidade…
O sentido de humor…
Que me coloque em primeiro lugar e me ame mais que qualquer outra pessoa, bicho ou coisa (incluindo o ex-namorado, o pai, a mãe, os irmãos, os avós, o cão, etc…)…
Que goste de partilhar comigo o que lhe vai na alma…
Que nunca desista de mim…

7 Coisas que digo frequentemente:
Paixão não é amor…
Que desperdício…
Vais ver que sim (vai correr bem)…
Nada acontece por acaso…
Vou “bazar”…
Que se lixe…
Estava melhor na minha gruta…

7 Coisas que adoro:
Acordar com o sorriso de quem amo…
Caminhar de pés descalços junto ao mar…
Um banho quente para acordar de manhã cedo…
Beijos…
Abraços…
Chocolate preto…
Trovoadas…

7 Coisas que não gosto:
Ter que acordar cedo…
Mentiras (mesmo as piedosas)…
Deslealdade…
Estar longe de quem amo…
Levar com fumo de cigarros…
Criticas…
Couves de Bruxelas…

7 Livros preferidos:
O Idiota - Dostoievski
De Amor e Sombra – Isabel Allende
O Senhor dos Anéis - Tolkien
Os Maias – Eça de Queirós
Canto Geral - Pablo Neruda
Francisco de Assis – João Nunes Maia/Miramez
O Pêndulo de Foucault – Umberto Eco

7 Países que quero visitar:
Índia…
Brasil…
Itália…
Escócia…
Canada…
Rússia…

7 Músicos que gosto:
Lara Fabian
Herbert Viana (Os Paralamas do Sucesso)
Marisa Monte
Avril Lavigne
Alanis Morissette
Coldplay
Joss Stone

7(9) Filmes que gosto:
O Império do Sol – Spielberg
A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça – Tim Burton
Lost in Translation – Sophia Coppola
Do Céu caiu uma estrela – Frank Capra
A trilogia “A Liberdade é Azul, A Igualdade é Branca, A Fraternidade é Vermelha” – Krzysztof Kieslowski
Chocolate – Lasse Hallström
O Tigre e o Dragão – Ang Lee

12 abril 2007

Senhor



"Senhor se eu me engano e minto,
Se aquilo a que chamei a vossa verdade
É apenas um novo caminho da vaidade,
Se a plenitude imensa que em mim sinto,
Se a harmonia de tudo a transbordar,
Se a sensação de força e de pureza
São a literatura alheia e o meu bem-estar,
Se me enganei na minha única certeza,
Mandai os vossos anjos rasgar
Em pedaços o meu ser
E que eu vá abandonada
Pelos caminhos a sofrer."
-
Sophia de Mello Breyner Andresen
in POESIA - 1944

Sentimentos que nos escravizam, sentimentos que nos libertam para a felicidade


a paixão, o desejo, são os sentimentos dos seres ainda imperfeitos, posto que a sua função é levar o ser humano à perfeição...

a ansiedade de "ter" alguém que se deseja, a carência afectiva, levam a cobrar sentimentos e actos alheios que só existem verdadeiros e belos quando espontâneos e livres na decisão de si mesmos... leva necessariamente à frustração, à desilusão, à dor, despertando-nos esta para menos egoismo, para sentimentos sublimes de renúncia e compreensão da Vida...

o amor é o sentimento dos seres iluminados, que nada cobram, mas se realizam na plenitude e harmonia do universo, em sintonia com o criador, com o dom de amar, semeando o amor, deixando a colheita e repartição dos frutos à sabedoria da Vida...

a paixão abafa, perturba, sufoca, faz nos tomar as decisões menos felizes e desperdiçar segundos preciosos de felicidade serena e pura numa ansiedade egoista e infantil, torna nos escravos de uma insatisfação sem fim...

o amor, pelo contrário, serena e liberta, vivifica, abençoa, faz nos multiplicar cada segundo de nossa existência em doação de alegria e luz, em sintonia com os seres de luz, e por isso nunca estamos sós, mas completos... porque é dando que se recebe, e é amando que se é amado...

ninguém nasce no mundo para ser muleta de outrem e renunciar a si mesmo, aos seus sonhos... e sobretudo, também, ninguém progride e evolui se lhe servirmos de muletas... acabamos prejudicando, não vivendo, nem deixando viver...

o medo "de podermos ser e falharmos" bem como a culpa da ilusão de "podermos não ser" ainda são os lamentáveis mas compreensíveis obstáculos temporários a nos impedirem de podermos voar na plenitude dos céus com os anjos...

ainda somos aprendizes de primeiro grau destas verdades...

10 abril 2007

Orfeu e os mistérios de Dioniso 4



A vinda de Orfeu e a Grécia clássica


Foi então que apareceu na Trácia um jovem de estirpe real e da mais sublime beleza e sedução. Dizia-se que era filho de uma sacerdotisa de Apolo. A sua melodia da sua voz tinha um estranho encanto. Cantava os deuses de um modo novo e inspirado. Seus cabelos louros, orgulho da raça dórica, corria em ondas douradas sobre os seus ombros. Sua boca, quando cantava, tinha contornos suaves e melancólicos. Seu olhar, de um azul profundo, brilhava com uma força meiga e mágica, perante a qual os Trácios, homens guerreiros, não se deixavam amansar, mas que as mulheres diziam, entre si, misturar a força solar e a carícia lunar. As Bacantes o procuravam e desejam pela sua beleza e sorriam sem compreender o seu cântico. Um dia este jovem, que chamavam o filho de Apolo, desapareceu: dizia-se que tinha morrido, descendo aos infernos. Na verdade, foi secretamente para o Egipto, onde pediu refúgio aos sacerdotes do Templo de Mênfis: estes ensinaram-lhe a sua doutrina e os seus mistérios, confiando-lhe, ao fim de vinte anos de aprendizagem, a missão de voltar à Grécia e, salvando-a das divisões religiosas, pacifica-la com uma nova doutrina; deram-lhe por nome de iniciado, o de Orfeu: “aquele que cura pela luz”.

O mais velho Templo de Zeus, no monte Kaoukäôn, que antigamente reinava sobre a organização social e religiosa de toda a Trácia, agora estava quase desertificado pela supremacia da doutrina lunar. O pequeno numero de sacerdotes que ainda ali permanecia recebeu Orfeu como um salvador: pela sua ciência adquirida no Templo de Mênfis e pelo seu entusiasmo, o maior poeta de todos os tempos ganhou à nova revelação teológica a maior parte dos Trácios, transformando totalmente a figura de Baco na do celeste Dionisios, símbolo do espírito divino que evoluí através todos os reinos da natureza e domando as Bacantes. A sua influência, através dos mistérios órficos, em pouco tempo invadiu todos os templos da Grécia, impôs o reino de Zeus na Trácia e o de Apolo na cidade de Delfos, devendo-lhe a Grécia dórica a sua unidade social e politica, as suas leis e a sua alma, revelada nas artes e nas ciências, que tanto influenciaram Roma e da qual ainda hoje toda a nossa civilização ocidente é herdeira.

Orfeu fundiu, na revelação da doutrina teológica do Dioniso celeste, o culto solar de Zeus e de Apolo com o culto lunar de Baco, num equilíbrio universal e pleno entre o princípio masculino e o princípio feminino: revelou aos iniciados, nos Templos, a luz pura desta verdade sublime, e ao povo, numa luz mais velada sob a alegoria poética e novos ritos e festas, a mesma verdade benfazeja.

A luz de Orfeu brilha na eternidade, pelo seu génio criador e pela sua alma que canta o amor mais puro e profundo entre as eternas essências feminina e masculina que pulsam na natureza, na humanidade e na pátria espiritual. Através dos tempos foi admirado pelos iniciados, pelos poetas e pelos filósofos. É a sua alma que permanece na admiração dos historiadores pela Grécia clássica.

Orfeu e os mistérios de Dioniso 3



A Grécia pré-órfica - O Culto solar - As Bacantes


Mas nessa época pré-órfica, existia na Trácia uma rivalidade entre as religiões do culto solar e do culto lunar, através da qual os sacerdotes de cada uma destas doutrinas teológicas totalmente opostas lutavam ferozmente pela supremacia do seu modelo de organização social. O culto solar tinha seus templos no alto das serras e das montanhas, sacerdotes homens e leis severas; já o culto lunar era realizado nas florestas e nos vales, por sacerdotisas e com ritos que celebravam a volúpia, as artes ocultas e os prazeres orgíacos. Verificava-se uma guerra de morte entre os sacerdotes do sol e as sacerdotisas da lua, que era, na verdade, a luta antiga, inevitável e eterna, declarada ou dissimulada, entre o principio masculino e principio feminino que preenche de seus desfechos alternativos a História e onde se tece o segredo que explica os mundos: é a fusão perfeita entre masculino e feminino que constitui a essência e o mistério da divindade, assim é só o equilíbrio entre estes dois princípios que produz as grandes civilizações.

Na Trácia, bem como na Grécia, o culto dos deuses cosmogónicos e solares tinha sido afastado para as altas serras e montanhas, lugares ermos e regiões desertas. O povo preferia os cultos lunares das divindades femininas que celebravam as paixões perigosas e as forças cegas da natureza: a divindade suprema era feminina. Surgiram então os abusos, nos quais as sacerdotisas do culto lunar se apropriaram, num acto de supremacia da mulher sobre o homem, do antigo culto de Baco, tornando-o sangrento e temível, tomando o nome de Bacantes para simbolizar sua vitória e seu domínio soberano. Eram magas sedutoras, cujos rituais sacrificavam seres humanos e celebravam Hecate, divindade, e Baco, divindade com face de touro com suas danças sensuais, em seus santuários de vales selvagens e escondidos, no seio da vegetação luxuriante e magnífica. Os sacerdotes do culto solar que aí se aventuravam, tentando espiá-las para desvendar seus segredos, eram capturados e imediatamente mortos. Muitos dos chefes trácios permaneceram fiéis ao culto solar, mas as Bacantes ganharam à sua causa, pela volúpia e pelo terror, muitos dos reis trácios que aos costumes bárbaros deste povo austero e guerreiro uniram de os gostos luxuosos e refinados descobertos ao contacto da Ásia. Os deuses tinham dividido a Trácia em dois campos opostos e inimigos: os sacerdotes do culto solar, de Zeus e Apolo, no cimo das serras e das montanhas, mostravam-se impotentes a travar, nos vales, o culto lunar que ameaçava chegar aos Templos das divindades do sol.

Orfeu e os mistérios de Dioniso 2



A Grécia pré-órfica - A Trácia - 2


A noroeste da Grécia existia a Trácia (actualmente dividida entre Grécia, Bulgária e Turquia desde 1919/1923), pais selvagem e rude de altas montanhas cobertas de carvalhos gigantes, varridas pelo vente do norte e frequentes trovoadas e chuvas torrenciais. Aí viviam os Dórios, raça guerreira (cujo modelo social foi mais tarde imitado por Esparta) de origem indo-europeia que acabaria por invadir toda a Grécia em 1200 a.C., substituindo nas cidades gregas a monarquia pela oligarquia e iniciando a época áurea da civilização dórica.

A Trácia foi sempre considerada pelos gregos como uma região santa, o país da luz espiritual e a verdadeira pátria das musas. Trácia, “Trakia”, tem origem etimológica na palavra fenícia “rakhiwa”, que significa espaço etéreo ou firmamento. No alto de suas montanhas existiam os mais velhos templos de Zeus, Crono, Urano. Aí tinham tido suas origens a poesia, as leis, as artes sacras, que a civilização ocidental deve à Grécia, pela mediação de Roma.

Segundo a antiga tradição trácia, a poesia foi inventada por Olen, palavra fenícia que significa o “ser universal”. Apolo tem a mesma raiz – Ap-Olen – e significa o “pai universal”. No inicio, a cidade de Delfos cultuava o ser universal sob o nome de Olen; o culto de Apolo veio depois, sob a influência da doutrina do verbo solar, vinda dos templos da Índia e do Egipto. Apolo, o pai universal, tinha dupla manifestação: a luz espiritual, hiperfísica, e a manifestação da estrela solar no céu. Porém, este culto era reservado aos iniciados, no templo de Delfos, e foi Orfeu que a desenvolveu nos mistérios dionisíacos e deu outra dimensão ao verbo solar de Apolo.

Para os maiores poetas, filósofos e grandes iniciados da Grécia, tais como Pindare, Ésquilo ou Platão, o nome da “Trácia” tinha uma forte simbólica e significava “o pais da doutrina pura e da poesia sagrada”, tendo um sentido filosófico e histórico: era uma região intelectual, o conjunto das doutrinas e das tradições segundo as quais o mundo é obra de uma inteligência divina; e também era a raça dórica, herdeira do antigo espírito ariano, a que a Grécia devia a doutrina e a poesia cultuadas no templo de Apolo em Delfos.

Os maiores poetas da época eram trácios: Thamyris, Linos ou Amphion inventaram a poesia cosmogónica, a poesia da doutrina solar (ou doutrina dórica mais ortodoxa e que influenciou as artes e toda a civilização helénica) e a poesia do culto lunar (mais emotiva, lacrimosa e voluptuosa). A poesia era então considerada a linguagem dos deuses, a consagrar uma teologia, cobrindo com o véu da alegoria os mistérios da natureza e os mais sublimes conceitos morais, só compreensíveis aos iniciados desses mistérios. Etimologicamente, “poesia” tem sua origem nas palavras fenícias “phohe” (voz) e “ish” (deus).

Orfeu e os mistérios de Dioniso 1


Edouard Schuré, filósofo e poeta francês (1841-1929), no seu livro "Os Grandes Iniciados" (Les Grands Initiés, Paris, 1889), escreveu sobre Orfeu (Livro V) vários cápitulos que me decidi finalmente a traduzir para o blog... deixo neste post a primeira parte...



A Grécia pré-órfica - A Trácia - 1


Nos templos de Apolo que guardavam a tradição órfica, a cada equinócio de primavera celebrava-se numa festa secreta a vinda anual do deus invisível de regresso do país hiperbóreo. A grande sacerdotisa entoava, perante alguns iniciados, o cântico do nascimento de Orfeu, filho de Apolo e de uma sacerdotisa deste deus, invocando a alma daquele que fora o pai dos místicos, o salvador melodioso dos homens, o rei imortal e três vezes coroado: no inferno, na terra e no céu, em que tem lugar entre os deuses e as estrelas.

Esse cântico místico da sacerdotisa de Delfos celebra o segredo apenas conhecido do Templo e ignorado do povo: Orfeu foi o anjo descido dos céus para despertar a alma mística da Grécia. Cada uma das sete cordas da lira de Orfeu despertou uma virtude da alma humana, uma lei das ciências e das artes, e as sete juntas vibravam em plena harmonia com todo o universo. Perdeu-se o cântico dessa plena harmonia, mas cada uma das ciências e das artes que Orfeu despertou na Grécia foram transmitidas pela civilização helénica a toda a Europa.

Vivemos numa época de (quase) plena devoção ao materialismo, em que a alma humana está perturbada pela perda da fé nas belezas naturais da vida e por correrias, angustias, depressões e outros “stresses”, doenças modernas que escondem uma profunda, inconsciente e invencível esperança de reencontrar um sentido harmonioso e espiritual à existência. E esta inconsciente esperança e teimosa fé na beleza da vida, o Ocidente deve-a a Orfeu, que iniciou a Grécia antiga à poesia e à música enquanto artes reveladoras da verdade eterna.

A Grécia do tempo de Orfeu, era a do tempo em que Moisés tirava o povo hebreu do cativeiro egípcio, cinco séculos antes dos cânticos de Homero, treze séculos antes de Jesus reencarnar na Galileia. A Índia, perdida a sua antiga gloria e mística da epopeia ariana de Rama (5ooo a 4000 a.C.), entrava na sua idade das trevas, o Kali-Youg, enquanto aguardava o novo mensageiro de Deus, Krishna. A Assíria, liderada pela tirânica cidade de Babilónia, esmagava a Ásia e libertava no mundo o flagelo da anarquia. O Egipto, brilhante civilização pela ciência dos seus sacerdotes e pelos seus faraós, tentava resistir a essa fase de degradação geral, mas a sua influência só se fazia sentir do mediterrâneo até ao Eufrates.

Na Grécia, reinava a divisão na religião e na política.

Península serrana e montanhosa, de orla marítima rendilhada e cercada de uma multidão de ilhas do mediterrâneo, tinha sido colonizada desde o II milénio a.C. por sucessivas raças de povos navegadores, desde celtas, indo-europeus, egípcios e fenícios, que se misturaram e formaram um idioma harmonioso e simples, que parecia imitar todas as vozes da natureza, mas influenciaram culturas e religiões diversificadas. Nessa época, toda a vida intelectual era exclusivamente provinda dos templos, e cada uma das religiões da Grécia representava conceitos diferentes de natureza, organizações diversas de vida social, civil e religiosa, e leis próprias. O povo adorava diversas divindades locais, deusas tais como Afrodite, Ártemis, Ceres (Deméter), em cuja protecção confiava cegamente. As divindades masculinas, mais cosmogónicas, eram cultuadas por iniciados, sobretudo em lugares retirados, no alto das serras e das montanhas gregas, mas pouca influência tinham. Aos mais universais Apolo, o deus solar, ou Zeus, preferiam-se as deusas que representavam as poderosas e temidas forças, sedutoras ou terríveis, da natureza. Mas sendo divindades locais, as cidades e templos rivais guerreavam entre si, movidos por ódios e ambições de sacerdotes e reis.

09 abril 2007

Oração Celta 2


Eterna Presença,
Acolhe o terno assombro
Que sinto em tua luz.
Abraça o meu espírito!

Na longa noite dos meus desencontros
Carreguei falsos fardos na mente,
E apenas me lamentei.
Cansado na alma, lembrei-me de Ti.

Porém, acostumado só a pensar,
Me esqueci de Te sentir no coração,
Tua casa, Teu templo.
Perdido na mente, chorei na solidão.

No vácuo do meu sofrer,
Terna mão luminosa surgiu
E apontou o caminho do coração.
Ali, o Anjo da Presença me tocou.

E fui possuído pela prece.
E a canção chegou no coração.
E algo me iluminou por dentro.
Fui tomado pelo assombro!

E a luz do céu desceu em minha noite.
E lembrei-me de quando eu era criança,
E ajoelhado em minha inocência
Abria o meu coração para Te sentir.

Eterna Presença, agora eu sei
E Te sinto no coração novamente!
Acolhe o meu assombro,
E abraça o meu espírito!

Saindo da escuridão de minhas confusões,
Tornei-me criança novamente.
Recebe o meu coração no Teu, bem abraçado.
Acolhe o meu assombro em Tua luz.

Agora eu me lembro!
Dos anjos secretos que embalavam o meu sono
E cantavam a Tua glória.
Eles cantavam dentro do meu coração.

Eterna Presença, agora eu sei!
De corpo e alma, tudo é Tua luz.
Acolhe o meu assombro,
E abraça o meu espírito.

07 abril 2007

Prece de Jesus (a original em aramaico)


Já que estamos na Páscoa...
esta prece seria a fiel tradução do Pai Nosso de Jesus,
gravado em aramaico numa pedra branca de mármore, em Jerusalém, no Monte das Oliveiras.
Boa Páscoa a todos :)


Pai-Mãe, respiração da Vida,
Fonte do som,
Acção sem palavras,
Criador do Cosmos!
Faça sua Luz brilhar dentro de nós,
entre nós e fora de nós
Para que possamos torná-la útil.

Ajude-nos a seguir nosso caminho
Respirando apenas o sentimento que emana do Senhor.
Nosso EU, no mesmo passo, possa estar com o Seu
Para que caminhemos como Reis e Rainhas
Com todas as outras criaturas.

Que o Seu e o nosso desejo, sejam um só,
Em toda a Luz, assim como em todas as formas,
Em toda existência individual,
Assim como em todas as comunidades.

Faça-nos sentir a alma da Terra dentro de nós,
Pois, assim, sentiremos a Sabedoria que existe em tudo.
Não permita que a superficialidade
E a aparência das coisas do mundo nos iluda,
E nos liberte de tudo aquilo que impede nosso crescimento.

Não nos deixe ser tomados pelo esquecimento
De que o Senhor é o Poder e a Glória do mundo,
A Canção que se renova de tempos em tempos
E que a tudo embeleza.

Possa o Seu amor ser o solo onde crescem nossas acções.

Que assim seja.

05 abril 2007

Eterno


Foram as duas semanas mais felizes da minha vida...
Mesmo longe, um tempo perfeito em que, juntos,
Quase regressamos de mãos dadas e libertos,
Pelos laços do coração tão perto, de fé renovada,
-
Deste inferno do medo da ausência e da perda...
As portas do paraíso quase se entreabriram,
Numa promessa de bênções que nos aguardam
Quem sabe não tão tarde, na eterna jornada...
-
A recordação do sentimento, tão verdadeiro, puro,
É o infinito tesouro que para sempre, em mim
Guardarei do teu amor, tão doce, num jardim
Que plantaste em minha alma, recanto escuro
-
Onde colocaste um sol que me mostra o caminho
E me abraça o cansaço das pegadas solitárias...
Agora, nunca estarei sozinho, nas tristes horas
Em que continuarei, desejando o teu carinho,
-
Teu abraço forte e teu beijo meigo e saboroso,
Teu sorriso ao amanhecer, pela noite a tua caricia,
E todos os dias a tua voz a cantar a alegria
Do nosso lar feliz, em que nunca haverá cansaço,
-
Banidos os desentendimentos, solidão, tristeza!
Nunca indisponíveis ou demasiado ocupados,
Estaremos sempre por nosso amor unidos,
E o sublime afecto será a nossa fortaleza...
-
Duas semanas em que te senti tão perto...
Em que o nosso sonho se mostrou realidade...
Amaste-me e aproximaste-me da serenidade
Por tanto tempo perdida, neste deserto...
-
Sei que hoje o nosso amor me tornou melhor,
Me pacificou muitas dores e revoltas antigas
E me continuará a sarar as velhas feridas,
Pois é eterno o sentimento, minha amada flor...
-
(DV)

03 abril 2007

Momentos decisivos



Vivemos em tempos acelerados em que nos deixamos consumir por vidas em que a quantidade subsituiu a qualidade, cheias de trabalho e stresse, em que perdemos a alegria e o desejo, e só despertamos para o que é essencial quando a dor nos alerta para a verdadeira finalidade da nossa existência na Terra...

Certos dias, porém, a intuição nos diz que atravessamos momentos dos mais decisivos da nossa peregrinação neste mundo, mas por serem decisivos também se revelam dos momentos mais difíceis da nossa caminhada eterna... momentos de desafio que, superados, nos permitem alcançar um pouco da felicidade tão almejada...

São dias de tristeza e de frustação...
Dias de ausência de almas queridas, de cansaço e medo de falhar e não superar perdas...
Dias em que precisamos tanto que nos dêem a mão e não nos deixem desanimar...

Há entre duas almas que se amam uma certa irradiação que alcança distâncias inimagináveis, e se uma está menos bem, logo a outra sente e se deixa afectar também... mas se uma delas souber se esforçar para manter a fé e a serenidade, o equilibrio e o optimismo, auxiliará também a outra e a puxará para cima!

Felicidade, afinal, só depende de nós mesmos: fracassamos porque não acreditamos que tudo está, afinal de contas, em nossas mãos, sempre... e as dificuldades, os obstáculos, apenas são desafios a nos pedirem a escolha: vais ou não decidir ser feliz?

Nós somos anjos, seres espirituais eternos e criados pela força do amor eterno.

Fomos criados para sermos felizes. Mas não podemos deixar de merecer, não podemos desistir... e tratando-se da construção da felicidade que se deseja a dois, essa tem de ter empenhamento mútuo constante, tem de ser um esforço de ambos, e que aquele que tropeça seja ajudado a se reerguer pelo outro. E mesmo que por segundos possamos sofrer e chorar, e mesmo que fraquejemos um dia, uma semana, um mês, é essencial que voltemos a dar sempre o nosso melhor e o amanhã será alegre e cheio de alívio por não nos termos conformado, mas termos aceite e aprendido a lição que a vida nos quis transmitir... seremos mais sábios, maduros e gratos por termos persistido e não desistido!

Amo-te para lá do infinito e da eternidade, e tu sabes...
Só me resta aprender a te fazer feliz apesar da distância...
Ajudas-me a conseguir?