Orfeu e os mistérios de Dioniso 1
Edouard Schuré, filósofo e poeta francês (1841-1929), no seu livro "Os Grandes Iniciados" (Les Grands Initiés, Paris, 1889), escreveu sobre Orfeu (Livro V) vários cápitulos que me decidi finalmente a traduzir para o blog... deixo neste post a primeira parte...
A Grécia pré-órfica - A Trácia - 1
Nos templos de Apolo que guardavam a tradição órfica, a cada equinócio de primavera celebrava-se numa festa secreta a vinda anual do deus invisível de regresso do país hiperbóreo. A grande sacerdotisa entoava, perante alguns iniciados, o cântico do nascimento de Orfeu, filho de Apolo e de uma sacerdotisa deste deus, invocando a alma daquele que fora o pai dos místicos, o salvador melodioso dos homens, o rei imortal e três vezes coroado: no inferno, na terra e no céu, em que tem lugar entre os deuses e as estrelas.
Esse cântico místico da sacerdotisa de Delfos celebra o segredo apenas conhecido do Templo e ignorado do povo: Orfeu foi o anjo descido dos céus para despertar a alma mística da Grécia. Cada uma das sete cordas da lira de Orfeu despertou uma virtude da alma humana, uma lei das ciências e das artes, e as sete juntas vibravam em plena harmonia com todo o universo. Perdeu-se o cântico dessa plena harmonia, mas cada uma das ciências e das artes que Orfeu despertou na Grécia foram transmitidas pela civilização helénica a toda a Europa.
Vivemos numa época de (quase) plena devoção ao materialismo, em que a alma humana está perturbada pela perda da fé nas belezas naturais da vida e por correrias, angustias, depressões e outros “stresses”, doenças modernas que escondem uma profunda, inconsciente e invencível esperança de reencontrar um sentido harmonioso e espiritual à existência. E esta inconsciente esperança e teimosa fé na beleza da vida, o Ocidente deve-a a Orfeu, que iniciou a Grécia antiga à poesia e à música enquanto artes reveladoras da verdade eterna.
A Grécia do tempo de Orfeu, era a do tempo em que Moisés tirava o povo hebreu do cativeiro egípcio, cinco séculos antes dos cânticos de Homero, treze séculos antes de Jesus reencarnar na Galileia. A Índia, perdida a sua antiga gloria e mística da epopeia ariana de Rama (5ooo a 4000 a.C.), entrava na sua idade das trevas, o Kali-Youg, enquanto aguardava o novo mensageiro de Deus, Krishna. A Assíria, liderada pela tirânica cidade de Babilónia, esmagava a Ásia e libertava no mundo o flagelo da anarquia. O Egipto, brilhante civilização pela ciência dos seus sacerdotes e pelos seus faraós, tentava resistir a essa fase de degradação geral, mas a sua influência só se fazia sentir do mediterrâneo até ao Eufrates.
Na Grécia, reinava a divisão na religião e na política.
Esse cântico místico da sacerdotisa de Delfos celebra o segredo apenas conhecido do Templo e ignorado do povo: Orfeu foi o anjo descido dos céus para despertar a alma mística da Grécia. Cada uma das sete cordas da lira de Orfeu despertou uma virtude da alma humana, uma lei das ciências e das artes, e as sete juntas vibravam em plena harmonia com todo o universo. Perdeu-se o cântico dessa plena harmonia, mas cada uma das ciências e das artes que Orfeu despertou na Grécia foram transmitidas pela civilização helénica a toda a Europa.
Vivemos numa época de (quase) plena devoção ao materialismo, em que a alma humana está perturbada pela perda da fé nas belezas naturais da vida e por correrias, angustias, depressões e outros “stresses”, doenças modernas que escondem uma profunda, inconsciente e invencível esperança de reencontrar um sentido harmonioso e espiritual à existência. E esta inconsciente esperança e teimosa fé na beleza da vida, o Ocidente deve-a a Orfeu, que iniciou a Grécia antiga à poesia e à música enquanto artes reveladoras da verdade eterna.
A Grécia do tempo de Orfeu, era a do tempo em que Moisés tirava o povo hebreu do cativeiro egípcio, cinco séculos antes dos cânticos de Homero, treze séculos antes de Jesus reencarnar na Galileia. A Índia, perdida a sua antiga gloria e mística da epopeia ariana de Rama (5ooo a 4000 a.C.), entrava na sua idade das trevas, o Kali-Youg, enquanto aguardava o novo mensageiro de Deus, Krishna. A Assíria, liderada pela tirânica cidade de Babilónia, esmagava a Ásia e libertava no mundo o flagelo da anarquia. O Egipto, brilhante civilização pela ciência dos seus sacerdotes e pelos seus faraós, tentava resistir a essa fase de degradação geral, mas a sua influência só se fazia sentir do mediterrâneo até ao Eufrates.
Na Grécia, reinava a divisão na religião e na política.
Península serrana e montanhosa, de orla marítima rendilhada e cercada de uma multidão de ilhas do mediterrâneo, tinha sido colonizada desde o II milénio a.C. por sucessivas raças de povos navegadores, desde celtas, indo-europeus, egípcios e fenícios, que se misturaram e formaram um idioma harmonioso e simples, que parecia imitar todas as vozes da natureza, mas influenciaram culturas e religiões diversificadas. Nessa época, toda a vida intelectual era exclusivamente provinda dos templos, e cada uma das religiões da Grécia representava conceitos diferentes de natureza, organizações diversas de vida social, civil e religiosa, e leis próprias. O povo adorava diversas divindades locais, deusas tais como Afrodite, Ártemis, Ceres (Deméter), em cuja protecção confiava cegamente. As divindades masculinas, mais cosmogónicas, eram cultuadas por iniciados, sobretudo em lugares retirados, no alto das serras e das montanhas gregas, mas pouca influência tinham. Aos mais universais Apolo, o deus solar, ou Zeus, preferiam-se as deusas que representavam as poderosas e temidas forças, sedutoras ou terríveis, da natureza. Mas sendo divindades locais, as cidades e templos rivais guerreavam entre si, movidos por ódios e ambições de sacerdotes e reis.
2 Comments:
"Orfeu foi o anjo descido dos céus para despertar a alma mística da Grécia"
E agora Orfeu (tu) foste o anjo que surgiu nos blogs para ajudar esta pobre "solitária" a encontrar um caminho...
:)
És um grande amigo!! (mesmo que virtual)
**BJS**
obrigado pelo elogio, sabe sempre bem, mas vou tentar que isso não me estrague! lol
beijos
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