20 abril 2007

Não escolhemos a quem amar


Não escolhemos a quem amar,
Ainda bem que assim é!
Maravilhoso é não controlar,
Tal sentimento de renovada fé!

Triste vida seria seguir
Por longa recta ou ampla via,
Onde escolhido o chorar e o rir,
De ti, amor, já tudo saberia.

Escolher quem o tempo não muda,
É de si próprio muito pouco exigir.
Eterna incógnita nos oferece a Vida,
Magoas nos convidam a progredir.

Amar é edificar o equilíbrio
Entre mundos nunca fundidos.
Depois do desejo mais sombrio,
Libertos de egoísmos perdidos.

Amar é sofrer? Não, é descobrir
Que a posse e a certeza,
A segurança que tanto se preza,
São mera forma de nos iludir...

Quem sua Vida decidiu reger,
Com cálculos certos e frieza,
Esqueceu que a maior destreza
Só a Deus pode pertencer!

Se nosso fado for sofrer
Da cara-metade a ausência,
Por mais teimosa a valência,
A dor amiga teremos que acolher.

Mas o doente recusará a cura?
Se Deus é sábio – ah! Eu tenho Fé!
Saber Amar assim, que privilégio é!
Qu´importa se d´alegria só futura...

A seu tempo, como o fruto maduro,
Tudo que é meu, na palma da minha mão,
Me será entregue, assim é o futuro!
Eternos e puros tesouros nela pousarão...

Ah! Mas com o desejo de posse, cuidado!
Nada cabe dentro do punho fechado...

DV (2004)

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Adorei!! ( Também, eu sou suspeita, gosto sempre do que escreves!!)
Realmente se pudessemos escolher, o amor perdia uma grande parte do que o faz ser tão maravilhoso! É o mistério, o desconhecido que nos atrai um pouco...
Grande poeta este senhor!!:)
Parabéns, escreves poemas fantásticos!
**BJS**

20 abril, 2007 23:06  
Blogger Ana Luar said...

Ler-te é algo quase divino... sabias?

26 abril, 2007 00:37  

Enviar um comentário

<< Home