31 maio 2007

Felicidade - 1



Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem

(Vinicius de Moraes)



Nossas felicidades e nossas tristezas, são, sempre, a colheita do que semeamos e merecemos. De nada serve colocarmos culpas em outrem.
Desilusões, frustrações, são meras consequências da forma como retribuimos à Vida. Uma aprendizagem, se estivermos atentos.
A ninguém devemos cobrar que permaneça infeliz ao nosso lado. Que espere por nossa disponibilidade.
A nossa felicidade depende em primeira mão, sempre, de nós mesmo. Por sintonia, recebemos o que doamos.



Signore, fa' di me uno strumento alla tua pace;
Dove è odio che io porti l'amore,
Dove è offesa che io porti il perdono,
Dove è discordia che io porti l'unione,
Dove è dubbio che io porti la fede,
Dove è errore che io porti la verità,
Dove è disperazione che io porti la speranza,
Dove è tristezza che io porti la gioia,
Dove sono tenebre che io porti la luce.
Maestro, fa che io non miri tanto
Ad essere consolato quanto a consolare,
Ad essere compreso quanto a comprendere,
Ad essere amato quanto ad amare,
Poiché donando si riceve
, perdonando si è perdonati,
Morendo si risuscita a vita eterna.

(Francesco d'Assisi)

26 maio 2007

Minha Alma Gémea



Alma ou irmã,
Gémeo ou irmão
De nada, mas quem és tu?
És o meu maior mistério,
Meu único elo próximo...
Tu me adornas e me embrionas,
E me guardas sob o teu olhar,
És o único animal de minha arca perdida...

Tu só falas uma língua,
Com nenhuma palavra desiludida,
Aquela que faz de ti meu antro,
O Ser reconhecido,
Não há nada para compreender...
E que passe o intruso,
Que não poderá esperar nada daqui,
Pois eu estou sozinha escutando
Os silêncios, e quando eu tremo com isso...

Tu, tu és o meu outro,
A força de minha fé,
Minha fraqueza e minha lei,
Minha insolência e meu direito,

Eu, eu sou o teu outro,
Se não fôssemos daqui,
Seríamos o infinito...

E se um de nós dois cair,
A árvore das nossas vidas
Nos manterá longe da sombra,
Entre o céu e o fruto,
Mas nunca demasiado longe um do outro
Ou nós seríamos amaldiçoados...
Tu serás o meu ultimo segundo,
Pois só eu consigo escutar
Os silêncios, e quando eu tremo com isso...

Tu, tu és o meu outro,
A força da minha fé,
Minha fraqueza e minha lei,
Minha insolência e meu direito...

Eu, eu sou o teu outro,
Se não fôssemos daqui,
Seríamos o infinito...

E se um de nós dois cair...


(Lara Fabian)

14 maio 2007

Recomeço


"Recomeça...

Se puderes, sem angústia e sem pressa

e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro,

dá-os em liberdade,

enquanto não alcances não descanses,

de nenhum fruto queiras só metade."

(Miguel Torga)

11 maio 2007

Se cada dia cai



Se cada dia cai,
Dentro de cada noite,
Há um poço
Onde a claridade está presa.

Há que sentar-se na beira
Do poço da sombra
E pescar a luz caída,
Com paciência.

(Pablo Neruda)

A ver vamos, se interiorizo esta verdade, uma vez por todas, e não mais a esqueço nos momentos em que a noite do desanimo rondar a minha porta...


Fix You
By Coldplay
Best Video Codes

Tuas mãos



Quando tuas mãos saem,
Amada, para as minhas,
O que me trazem voando?
Por que se detiveram
Em minha boca, súbitas,
E por que as reconheço
Como se outrora então
As tivesse tocado,
Como se antes de ser
Houvessem percorrido
Minha fronte e a cintura?

Sua maciez chegava
Voando por sobre o tempo,
Sobre o mar, sobre o fumo,
E sobre a primavera ,
E quando colocaste
Tuas mãos em meu peito,
Reconheci essas asas
De paloma dourada,
Reconheci essa argila
E a cor suave do trigo.

A minha vida toda
Eu andei procurando-as.
Subi muitas escadas,
Cruzei os recifes,
Os trens me transportaram,
As águas me trouxeram,
E na pele das uvas
Achei que te tocava.
De repente a madeira
Me trouxe o teu contacto,
A amêndoa me anunciava
Suavidades secretas,
Até que as tuas mãos
Envolveram meu peito
E ali como duas asas
Repousaram da viagem.

(Pablo Neruda)

O teu riso


Tira-me o pão, se quiseres,
Tira-me o ar, mas não
Me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
A lança que desfolhas,
A água que de súbito
Brota da tua alegria,
A repentina onda
De prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
Com os olhos cansados
Às vezes por ver
Que a terra não muda,
Mas ao entrar teu riso
Sobe ao céu a procurar-me
E abre-me todas
As portas da vida.

Meu amor, nos momentos
Mais escuros solta
O teu riso e se de súbito
Vires que o meu sangue mancha
As pedras da rua,
Ri, porque o teu riso
Será para as minhas mãos
Como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
Teu riso deve erguer
Sua cascata de espuma,
E na primavera , amor,
Quero teu riso como
A flor que esperava,
A flor azul, a rosa
Da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
Do dia, da lua,
Ri-te das ruas
Tortas da ilha,
Ri-te deste grosseiro
Rapaz que te ama,
Mas quando abro
Os olhos e os fecho,
Quando meus passos vão,
Quando voltam meus passos,
Nega-me o pão, o ar,
A luz, a primavera,
Mas nunca o teu riso,
Porque então morreria.

(Pablo Neruda)

Quantos caminhos


Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
Que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em taltal não amanhece ainda a primavera .
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
Juntos desde a roupa às raízes,
Juntos de outono, de água, de quadris,
Até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,
A desembocadura da água de Boroa,
Pensar que separados por trens e nações
Tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
Com todos confundidos, com homens e mulheres,
Com a terra que implanta e educa cravos.

(Pablo Neruda)

09 maio 2007

E quem ama, não esconde...



Colocar o amor em segredo machuca-me...
Será que eu te exijo demais?

Não me sinto... completo... a brilhar na tua fotografia...


Lendo este
belissimo_post, vejo...
a minha saudade... melâncolia... e pobreza...

vejo o meu destino, o meu carma...
vejo as cinzas em que se transforma em minhas mãos o amor...
mas, verdade seja dita, a turma oposta já me tinha ameaçado... Aglaonice foi leal, embora cruel e sem piedade para com os que se amam...

Quem é Aglaonice? Um dia, quando me sentir melhor, conto-vos, e continuarei a escrever sobre Orfeu e os mistérios de Dionisio, na parte onde deixei...

08 maio 2007

E quem ama, liberta...


Aprendi a sábia lição que ninguém é de ninguém...
Que nem sempre a felicidade está onde a sonhamos...
De nada serve cobrar beijos e amor... nem afectos...
Nem genuina partilha... Tudo a seu tempo vem...
-
Sei que, por vezes, a cruel distância pode nos derrubar,
Sei que a alma ainda precisa do doce aconchego do abraço,
Sei que o amor ainda necessita de limitar seu espaço,
Sei que o ciume e a solidão podem nos machucar...
-
Sei que a lenda da alma gemea é prisão triste e esteril...
Criam-se laços de ódio e, depois, de doces e eternos afectos,
Em número infinito de Almas Afins, corações mil...
-
O Amor precisa multiplicar-se sempre, em sábios elos,
Para crescer e no fim, depois da aprendizagem difícil,
Envolver a Humanidade inteira no puro sentir dos Anjos...
-
-
Vejo que remo contra a maré e já não és feliz junto a mim...
Vejo que já não buscas a tua felicidade ao meu lado...
Vejo, triste, que outro já te ronda o coração, sonhando...
E quem ama, liberta, para que haja flores em teu jardim...
-
DV
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-
E porque o coração tem que ser grande e generoso, este poema é dedicado, com sinceridade, à minha amiga de Santa catarina, e, por laços espirituais e linhagem do coração e da alma, nobre "filha" de Anita Garibaldi, pela força que me deu hoje, pela sua amizade e carinho, e por estar presente no momento em que a nuvem da tristeza me veio visitar. Que a Vida te abençoe.

Depois da vida



Quando meu coração parar desfeito,
Em sombra na profunda sepultura;
E o meu corpo espectral e já perfeito,
Divagar entre o Olimpo e a terra dura;

Quando sentir, enfim, todo o meu peito
A converter-se em luminosa altura;
Eu, aquele fantasma, o claro eleito,
O enviado da vida à morte escura;

Ah, quando, em mim, eu for minha esperança!
Meu próprio ser, divino e redimido;
E minha sombra apenas for lembrança,

Bem longe, em outro mundo transcendente,
À luz dum sol jamais anoitecido,
Serei contigo, amor, eternamente.


Teixeira de Pascoaes
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Sinto tanto a tua falta, meu anjo que Deus já chamou para junto dele... como tudo seria diferente se ainda estivesses aqui perto de mim... sinto falta da tua serena luz, do teu carinho alegre, da tua voz fraterna... de teu riso de sol nascente...
Se Deus tira com uma mão e dá com a outra, eu ainda assim peço que tua lembrança seja em mim o ánimo para dar o meu melhor aqui, seguindo teu exemplo...
Para que quando seguir teus passos, em minha hora, tenhas orgulho de mim e do pouco que terei conseguido progredir...

Outra




Se fosses luz serias a mais bela
De quantas há no mundo: - a luz do dia!
- Bendito seja o teu sorriso
Que desata a inspiração
Da minha fantasia!
Se fosses flor serias o perfume
Concentrado e divino que perturba
O sentir de quem nasce para amar!
- Se desejo o teu corpo é porque tenho dentro de mim
A sede e a vibração de te beijar!
Se fosses água - música da terra,
Serias água pura e sempre calma!
- Mas de tudo que possas ser na vida,
Só quero, meu amor, que sejas alma!


António Botto



E como escreveu a Phiwuipa, "Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... Respeito."

04 maio 2007

Sou de outras coisas


Sou de outras coisas
pertenço ao tempo que há-de vir sem ser futuro
e sou amante da profunda liberdade
sou parte inteira de uma vida vagabunda
sou evadido da tristeza e da ansiedade

Sou doutras coisas
fiz o meu barco com guitarras e com folhas
e com o vento fiz a vela que me leva
sou pescador de coisas belas, de emoções
sou a maré que sempre sobe e não sossega

Sou das pessoas que me querem e que eu amo
vivo com elas por saber quanto lhes quero
a minha casa é uma ilha é uma pedra
que me entregaram num abraço tão sincero

Sou doutras coisas
sou de pensar que a grandeza está no homem
porque é o homem o mais lindo continente
tanto me faz que a terra seja longa ou curta
tranco-me aqui por ser humano e por ser gente

Sou doutras coisas
sou de entender a dor alheia que é a minha
sou de quem parte com a mágoa de quem fica
mas também sou de querer sonhar o novo dia


(Fernando Tordo)

Urgentemente



É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

(Eugénio de Andrade)

Não tenhas medo do amor


"Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera."

(Maria do Rosário Pedreira)


Obrigado à Sonhadora que me nomeou para o terceiro thinking blogger award (aqui) e por me ter feito descobrir esta autora que não conhecia e estou a adorar ler :)