02 fevereiro 2007

Não importa a demora (para Eurydice)



Não importa a demora

Que sábia força teceu o laço
Que pela eternidade a ti me une?
Porque esta minh´Alma, sem descanso,
Teima e o desistir não a pune?

Tua doce voz, melodia impar,
Atraves dos tempos reconheço,
Pela vibração sei o seu cantar,
Ouvi-lá em cada Vida peço.

Aguardo, em cada noite, o regresso
Das estrelas que um dia me deste,
Farol do caminho que apresso
E me leva ao sonho que reveste

Todos os meus dias desta vida,
Cada hora, minuto, segundo,
Cada lembrança de ti retida,
Em que só tu és luz do meu mundo.

Aqui, tão longe, foge me a mente,
E cada sinal me diz, minha flôr,
Que o meu coração ainda sente
Por ti, puro, infinito amor.

Em cada sorriso, relembro o teu,
Tua ternura em cada olhar,
Tua mão, uma caricia do céu,
Teu beijo que te quero eu roubar.

Nossos passos ainda marcam a areia
Daquela praia em que iniciamos
O caminho para a feliz seia
Dessa plenitude que aguardamos.

Eu confesso, ainda te espero,
E por mais que, rebelde, te minta,
Não me oiças, sei que és quem eu quero,
És poema d´indelével tinta

Que Deus no meu destino escreveu.
Não há distância em que te esqueça,
Nem silêncio em que não oiça eu
Certeza que a tudo prevaleça:

Ainda és em mim sol nascente,
A cor da aurora renovada,
O cântico alegre e fluente,
Grato por existir minh´Amada.

Hoje, amanhã, quando vieres,
Estarei à porta de nosso lar,
Acolhendo-te, quando souberes
Que renasci só para te amar.

Vem me abraçar na tua hora,
Então não percas mais um só dia,
Não importa a longa demora,
Então vem pela mais curta via.

(DV – 16/07/2006)


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